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sábado, 26 de janeiro de 2013

Os Cristãos e o Governo


Os cristãos estão no mundo, mas não devem ser do mundo (João 15.17). Os cristãos vivem no mundo como peregrinos, considerando-se cidadãos do céu (Filipenses 3.20). Entretanto, os cristãos também têm responsabilidades como cidadãos dos países da terra.

Como pode um cristão conciliar os conflitos entre duas cidadanias, a terrestre e a celestial?
 O que as escrituras ensinam sobre os governos nacionais e a responsabilidade de um cristão para com eles?

Princípios

A pergunta que pretendiam usar como armadilha deu a Jesus a oportunidade para Ele definir a relação básica de um cristão com o governo. Veja a pergunta: "É lícito pagar tributo a César, ou não?" (Mateus 22.17).

 Os inimigos de Jesus pensaram que tinham maquinado um dilema sem saída. Se Jesus dissesse para pagar os impostos, ele não só ficaria impopular (porque os judeus odiavam ter que pagar impostos aos dominadores romanos) mas também poderia ser retratado como sendo contra Deus, uma vez que Deus exige fidelidade exclusiva. Mas, se Jesus dissesse para não pagar, ele seria preso pelos romanos, por traição.

A maneira como Jesus resolveu o dilema foi impressionante."Jesus, porém, conhecendo-lhes a malícia, respondeu: Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. Trouxeram-lhe um denário. E ele lhes perguntou: De quem é esta efígie e inscrição?

Responderam: De César. Então lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus" (Mateus 22:18-21). Jesus pediu uma moeda e perguntou o nome e a cara de quem estavam nela. É claro, essas moedas eram propriedade de César: Elas tinham sua assinatura e sua imagem nelas.
Os judeus estavam recebendo os benefícios da dominação romana e tinham obrigação de pagar pelo que eles estavam recebendo e devolver a propriedade de César quando exigida. Ao evitar a armadilha, Jesus lançou o princípio básico regulando a relação do cristão com o governo: o homem tem uma dupla natureza e uma dupla cidadania. 
O homem tem responsabilidade para com o governo, no campo civil e para com Deus, no campo espiritual. Normalmente, é possível dar tanto a Deus como ao governo o que lhes é devido. Em geral, quando alguém se torna um cristão, ele não se retira do mundo nem corta todas as relações terrestres, mas leva os princípios cristãos para cada relacionamento da vida (1 Coríntios 7:17-24).

Paulo ampliou estes pontos e deu uma explicação mais completa do papel do governo no plano de Deus.

 "Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores: porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade, resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. Porque os magistrados não são para temor quando se faz o bem, e, sim, quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela; visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. É necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência. Por esse motivo também pagais tributos: porque são ministros de Deus, atendendo constantemente a este serviço. Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra" (Romanos 13:1-7).

Paulo mostrou que as autoridades superiores são estabelecidas por Deus.

Deus é o rei e o soberano sobre as nações (Salmo 47; Daniel 4; Jeremias 18:5-10). Deus estabeleceu autoridade em muitas áreas da sociedade. Na família, por exemplo, Deus estabeleceu o esposo e o pai como autoridades. Do mesmo modo, Deus constituiu o governo civil como a autoridade da nação. Deus instituiu o governo civil para servir como seu ministro para o bem: para louvar o que é direito e para vingar o mal.

Princípios de justiça e direito são o alicerce do governo do universo, por Deus, e foram planejados por Deus para serem, do mesmo modo, o alicerce dos princípios do governo civil (Salmo 89:14-15; Jeremias 22:1-5; Provérbios 14:34).

O uso que Deus faz do governo para punir o mal é importante.

No contexto (Romanos 12:17-21), Deus proibiu os indivíduos de vingar o mal pessoalmente. Deus é o vingador. Então, no capítulo 13, vemos que um dos meios que Deus usa para punir o mal é o governo civil. Este capítulo autoriza o governo a usar a espada, para executar a pena de morte (Romanos 13:4).

Isto está de acordo com um princípio básico de justiça e direito revelado por Deus, muito no começo da história humana: "Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem" (Gênesis 9:6). Hoje em dia, esta tarefa de executar a justiça por meios de castigar os malfeitores deve ser feita pelo governo (veja também 1 Pedro 2:13-17).

O governo tem o direito dado por Deus para usar os princípios da justiça para punir os malfeitores.

Responsabilidades

O cristão tem certas responsabilidades em relação ao governo:

1. O cristão deve orar pelos funcionários do governo (1 Timóteo 2:1-2).
2. O cristão deve pagar os impostos (Mateus 22:21; Romanos 13:6-7). É errado o cristão deixar de pagar os impostos que ele legalmente deve. Deus espera que o cristão aja com honestidade e integridade em todas as áreas da vida.
3. O cristão deve obedecer o governo e suas leis (1 Pedro 2:13; Romanos 13:1-2, 5). De fato, Deus espera que o cristão respeite e se submeta à autoridade de todas as formas (Tito 3:1). Uma atitude revolucionária é condenada (Provérbios 24:21-22).

Não há, na Bíblia, nenhuma passagem que especifique uma forma particular de governo (democracia, república, monarquia, etc.); o cristão deve submeter a qualquer tipo de governo que tem o poder. Em resumo, os cristãos obedecem à lei.
4. O cristão deve honrar o governo (Romanos 13:7; 1 Pedro 2:17). Tem que ser cuidadoso para não difamar os funcionários do governo (Judas 8-10).

Limite

Há um limite básico para a obediência do cristão ao governo: ele tem que obedecer a Deus antes que ao homem (Atos 5:29). O cristão não pode nunca permitir que qualquer autoridade, de qualquer tipo, suplante a autoridade de Cristo.

A autoridade de Cristo está acima da autoridade do pai, do esposo, do presbítero da igreja, do chefe no trabalho ou do funcionário do governo. Nunca podemos desculpar a desobediência a Deus baseados em alguma lei ou decisão do governo. Temos que obedecer a Deus antes que ao homem!
Pense numa ilustração moderna. Algumas vezes, as pessoas se valem das leis liberais do governo, a respeito do divórcio, para desculpar sua ignorância do que Deus disse.

Basicamente a Bíblia condena o divórcio (Mateus 19:6) e diz que as pessoas que estão casadas segunda vez, estão cometendo adultério (Mateus 5:32; Marcos 10:11-12; Lucas 16:18; Romanos 7:2-3). Uma exceção é dada: aqueles que se divorciam de seus cônjuges por infidelidade sexual podem tornar a se casar (Mateus 19:9). Frequentemente, o governo permite o divórcio e novo casamento por outras razões. Não podemos nunca pensar que a permissão do governo, automaticamente, significa a aprovação de Deus. Historicamente, os governos têm aprovado tudo, desde a idolatria até o assassinato. Mas, com permissão do governo ou não, um cristão jamais tem o direito de desobedecer a Deus.

Deus autoriza a existência do governo civil e manda os cristãos obedecerem. Mas, como em qualquer relacionamento humano, as expressas ordenanças de Cristo têm mais autoridade do que as ordens de qualquer homem ou instituição.

 Gary Fisher, blog Saber Cristo

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